INTRODUÇÃO - Marcos Ferreira Costa

06/04/2015 17:31

INTRODUÇÃO

Nas indústrias dos anos 60, quando a concorrência era muito menor, os ciclos dos produtos eram

muito mais longos e as incertezas do mercado mais controláveis. Fazia sentido, naquela época,

perseguir a excelência nos negócios através da gestão eficiente de todas as atividades isoladas

como compras, transporte, armazenagem, fabricação, manuseio de materiais e distribuição.

Nos dias atuais, com os mercados cada vez mais dinâmicos e globalizados, os clientes ficaram

cada vez mais informados e exigentes. Para satisfazê-los, são necessários produtos com ciclos de

produção e entrega muito mais curtos e com semelhança tecnológica muito grande.

Surgiu então o conceito de logística integrada, que significa considerar como elementos de um

sistema todas as atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo dos produtos,

desde a compra dos materiais até o ponto de consumo final, bem como os fluxos de informações

que geram os produtos em movimento.

No Brasil, essas mudanças datam principalmente de anos posteriores a 1990, quando houve a

redução das alíquotas de importação, pressionando as empresas brasileiras a serem mais

competitivas em função do aumento da concorrência internacional.

Devido a essas mudanças, a logística vem ampliando a sua importância e o papel que tem no

processo como um todo, justificando-se como um elemento primordial de cuidado, atendimento e

composição de custo.

A logística no Brasil constitui-se como um negócio de grandes proporções que evoluiu muito e

rapidamente nos últimos anos, passando por profundas transformações na direção de sua

sofisticação (FIGUEIREDO, 2003).

O que pretendemos com este artigo, é verificar quais os ganhos competitivos as empresas atuais

obtêm, utilizando-se de processos de distribuição e logística eficientes, sejam estes desenvolvidos

no ambiente interno das organizações ou no ambiente externo, através da busca de parcerias e

alianças estratégicas de sucesso.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

CONCEITUAÇÃO DA LOGÍSTICA E DISTRIBUIÇÃO

A distribuição pode ser tratada como sendo os sistemas de relações existentes entre empresas que

participam dos processos de compra, venda e distribuição de produtos e serviços.

Na busca por vantagens competitivas que lhes garantem, cada vez mais, uma competitividade

sustentável, as empresas estão optando pela compra direta dos distribuidores, enquanto

intermediários ou atacadistas, cuja função é atuarem como agentes de compra e distribuição dos

produtos de que precisam (BOWERSOX e COOPER, 1992), o que demonstra a tendência

mundial neste aspecto, através da eliminação de vários intermediários deste canal de distribuição.

Os elementos que formam a cadeia logística, na parte que vai da manufatura ao varejo, formam o

canal de distribuição.

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo Stern (1996)os canais de distribuição são o conjunto de organizações interdependentes

envolvidas no processo de tornar o produto ou serviço disponível para uso ou consumo.

Os canais de distribuição selecionados por uma empresa são de difícil alteração, mantendo-se

fixos por muito tempo, pois envolvem outras empresas, agentes, acordos comerciais, etc.

A definição do canal de distribuição, com os serviços associados a ele, necessita de uma análise

criteriosa de suas implicações sobre as operações logísticas.

O processo de distribuição pode ser direto, sem a participação de terceiros, ou indireto, com a

utilização do atacadista e/ou do varejista.

Vários fatores podem orientar a escolha do melhor sistema de distribuição, como: classificação

dos bens, disponibilidade de recursos, potencial de mercado, concentração geográfica dos

clientes, necessidade de estocagem, complexidade do bem, grau de mudança tecnológica ou

mudança de estilo e perecibilidade.

Atacadistas são definidos e classificados como intermediários que

se dedicam às funções de venda a varejistas ,usuários comerciais,

industriais e institucionais, agindo também como agentes de

compra e venda de grandes volumes a clientes de grande porte em

termos de volumes físicos e financeiros (REVZAN, 1961).

Varejistas, são os mais numerosas participantes dos sistemas de

distribuição e são definidos como unidades de negócio que vendem

bens e serviços para o público, para seu uso e beneficio e em

virtude de seu relacionamento com o público há uma grande

analogia funcional entre a maioria destas empresas (BOWERSOX

E COOPER, 1992).

É nos canais de distribuição que ocorre o encontro da empresa com seu consumidor final. A

seleção dos varejistas constitui, portanto, um grande desafio para a empresa e tem impacto direto

na tarefa de satisfazer as necessidades dos clientes (YOO et al, 2000).

A distribuição indireta pode ser intensiva, colocando os produtos em todos os pontos de venda;

seletiva, selecionando os pontos de venda mais adequados aos produtos, oferecendo alguns tipos

de facilidades e serviços; e exclusiva, preservando ao máximo a imagem do produto. Nesse caso,

a empresa interage com revendedores cujas características sejam compatíveis com a imagem que

se quer transmitir ao mercado.

É comum haver conflitos nos sistemas de distribuição, devido à inadequada integração e

cooperação entre os envolvidos. Os principais geradores de conflito são: desentendimentos na

política de preços, em investimentos em propaganda e em promoção de vendas e desrespeito aos

compromissos assumidos.

As empresas devem levar em consideração os aspectos financeiros, administrativos e

mercadológicos dos intermediários (varejistas e atacadistas) que irão constituir seu processo de

distribuição.

As empresas podem adotar vários tipos de estruturas alternativas de distribuição, como:

distribuição direta de produtor para varejista; de produtor para atacadista; de produtor para

atacadista e varejista; de produtor para representantes; de produtor para atacadista; varejista e

representantes e, de bens industriais.

Apesar de o sistema de distribuição ser planejado para operar a longo prazo, a empresa deve levar

em consideração algumas mudanças que podem influenciar esse sistema, como: mudanças no

mercado, na economia, na legislação, no composto de produtos da empresa e do mercado e o

surgimento de novas tecnologias (ALCÂNTARA, 2003).

NOVAS TENDÊNCIAS DO MARKETING

Alavancado pela filosofia do marketing de relacionamento está começando a surgir nas indústrias

produtoras, principalmente de bens de consumo, divisões na estrutura de marketing, ficando a

estrutura existente com as funções relacionadas ao desenvolvimento dos produtos e sua

promoção, e as questões relativas ao gerenciamento dos canais de distribuição passando a ser da

responsabilidade do chamado Trade marketing. Ou seja ao marketing do consumidor, da marca,

soma-se o marketing ao distribuidor.

Segundo Chinardet (1994), o conceito do Trade marketing se opõem a negociação pura e dura

entre os fornecedores e seus clientes distribuidores, nascendo da idéia de que para poder

satisfazer os consumidores, com suas marcas e seus produtos, o fabricante deve se utilizar dos

canais de distribuição e esses últimos têm a necessidade de estar ao lado dos fabricantes

ajudando-os a satisfazer esses consumidores. E sendo esses distribuidores, membros primários

dos canais de distribuição, os responsáveis pela disponibilização do produto no ponto de venda, o

seu papel no atingimento e na manutenção do nível de serviço exigido é determinante.

Um problema adicional na adoção do serviço ao cliente como uma estratégia de negócio é o fato

do mesmo ser uma atividade ampla e que atravessa as fronteiras da empresa. Para Rinehart,

Cooper e Wagenheim (1989), o canal de distribuição pode ser visto como o veículo através do

qual o relacionamento empresa e cliente, ou seja vendedores e compradores, deve ser analisado

para se buscar entender o processo de formação das expectativa do cliente, suas interações com

as atividades de marketing e logística, e como o serviço ao cliente deverá ser executado. O

entendimento dessas interações com as atividades de marketing e logística é fundamental porque

essas são as funções de interface com o cliente, e a chave para entender o papel, a

responsabilidade e o escopo do serviço ao consumidor começa com a integração dessas duas

funções.

Para que o “P” da Distribuição, tenha sucesso e seja percebido como um fator de diferencial

competitivo, aos olhos do consumidor, é necessário se considerar os canais de distribuição, a

logística de mercado e suas variáveis (BASTA, 2006).

Dentre todos os demais “P´s do Marketing” o da distribuição é, na percepção do consumidor, o

menos aparente e palpável, e que obriga o profissional de Marketing a torná-lo cada vez mais

tangível e perceptível, através da excelência na prestação dos serviços que a envolvem.

A distribuição visa colocar o produto sempre à disposição do consumidor, no lugar e no momento

em que ele precisa.

Com isso parte dos desejos do consumidor são satisfeitos, gerando um retorno positivo do

produto ou serviço prestado. Comprovando o que assumi Smith (1992), que “os consumidores

ficam mais satisfeitos quando conseguem encontrar oproduto que desejam onde e quando

desejam. Uma distribuição intensiva aumenta a utilidade de tempo e lugar e faz com os clientes

percebam um maior valor no produto ao reduzir o seu esforço para adquiri-lo”.

CENÁRIO ATUAL DA DISTRIBUIÇÃO

A distribuição por muitos hoje tratada de forma mais ampliada e denominada Logística, derivou

da evolução do Transporte de Mercadorias no Brasil e se tronou mais relevante aos olhos do

empresário e consumidor a partir da implantação da Indústria Automobilística no Brasil, na

década de 50.

Hoje em dia faz-se necessário uma série de investimentos em rodovias nacionais, já que a

distribuição via transporte rodoviário é a mais comum no país.

Sobre logística podemos tratar tudo o que se refere à:

· Armazenagem,

· Movimentação e distribuição física de carga,

· Controle de estoque,

· Transporte,

· Entrega de produtos.

Como acelerador da importância da Logística percebemos desde o final da década de 80 a

“Era da Conveniência”, derivada da mudança do comportamento do consumidor.

O comportamento de compra do consumidor varejista, sofreu grandes transformações à medida

do avanço e popularização das tecnologias, da estabilidade econômica e do fim da inflação e hoje

os hábitos são voltados para:

· Aquisição de bens de consumo apenas estritamente necessários para a semana e a

efetuação destas compras passa a ser em banca de jornais, postos de gasolina, farmácias,

e e nas redes supermercadista de médio porte.

· A busca por produtos de vários tipos um só lugar (Shopping centers, praças de

Alimentação, Supermercados menores - gestão por categorias), passa a ser muito

marcante na atualidade.

· O “E-Commerce” também surge como uma tendência cada vez maior na Era da

Conveniência.

Já o consumidor atacado assume a tendência de Atravessador para “Facilitador” do pequeno

comércio.

METODOLOGIA ADOTADA (SUGERIDA)

Para solucionarmos o problema de pesquisa, sugerimos que seja realizada uma pesquisa

qualitativa com ambiência causal, pela qual analisaremos algumas organizações que adotam os

procedimentos de logística e distribuição através de processos próprios ou terceirizados e para tal,

sugerimos efetuar a pesquisa em 03 organizações de médio porte na cidade de Belo Horizonte

ligadas ao segmento alimentício e/ou supermercadista.

Os dados poderão ser coletados através de entrevistas com executivos-chave das organizações,

através de questionários semi-estruturados visando o alcance mais imediato dos resultados.

Acreditamos que, por termos fácil acessos á estas organizações, pretendemos pesquisá-las em um

período de 30 dias corridos.

Posteriormente os dados serão apresentados sem enunciar os nomes da organizações pesquisas, e

demonstrarão os resultados obtidos pelas três empresas.

CONCLUSÃO

“Num mundo em que as fronteiras são cada vez menos importantes, a velocidade é fundamental

e o comércio eletrônico explode, ter uma logística afinada é questão de sobrevivência” Exame,

11/10/2006

Desde o fim da segunda grande guerra mundial, as empresas diferenciam-se menos umas

das outras, pois todas têm acesso à tecnologia, maquinário e informação que deixaram de ser

grandes diferenciais competitivos.

Daí a inteligência logística do negócio ganhar espaço; pois agilidade e preço são

influenciados diretamente pela eficiência na distribuição; para cada negócio, cada segmento e

cada público alvo, a empresa precisa escolher uma diversificação de canais que mais se adequa às

suas necessidades.

A partir da década de 80, com a era da conveniência, e mais recentemente com o enorme

crescimento da internet, a Logística realmente “saiu dos galpões” para as mesas de diretoria e

reuniões de planejamento estratégico. Segundo Peter Drucker (apud, HUMMEL, 2000), ”na nova

geografia mental criada pela ferrovia, a humanidade dominou a distância. Na nova geografia

mental do comércio eletrônico, a distância foi eliminada. Hoje existe apenas uma economia e um

único mercado”.

Então, enquanto os limites entre as empresas, entre os mercados e os países ou blocos vão

desaparecendo, a tendência é que as barreiras entre setores de uma mesma empresa acabem

ruindo também. Assim como o Trade Marketing destroçou a até então imensa barreira existente

entre as áreas Comercial e de Marketing das Companhias aproximando-as dos consumidores, a

Logística, que primeiramente evoluiu para Supply Chain Management, ligando todos os elos da

cadeia de abastecimento desde os fornecedores do início da cadeia até a última ponta onde o

consumidor final adquire o produto, hoje já caminha a passos largos para o ECR (Eficient

Consume Response) onde toda esta cadeia tem resposta em tempo real dos hábitos e necessidades

deste mesmo consumidor para planejar sua distribuição, estocagem e suprimento.

Então, por mais que os manuais de administração ou mesmo a hierarquia das empresas

queiram separar o inseparável, o consumidor como foco do estratégico e o mercado como

balizador das melhores práticas são o ponto central que garantirá a perenidade e lucratividade das

empresas

E, mesmo que a Distribuição (ou Logística, ou SCM, ou ECR) seja o “P” menos palpável

para o consumidor final, é muito claro o quanto as empresas podem ganhar com ele, seja tendo

suas necessidades ou desejos atendidos no momento e local exatos, seja reduzindo custos e

distâncias para que as empresas levem seus produtos a preços acessíveis e em boas condições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALCANTARA, Rosane Lucia Chicarelli. A integração das estratégias de Logística e Marketing

maximizando serviços ao cliente: algumas reflexões, 2003.

BASTA, DARCI. Fundamentos de Marketing. Série Gestão Empresarial. 6ª ED. FGV 2006.

BOWERSOX, CLOSS, D.J. Logistical Management: The Integrated Supply Chain Process.

NY:McGraw-Hill, 1996.

BOWERSOX, D.J., DAUGHERTY, P.J., DRÖGE, C. L., GERMAIN, R.N., ROGERS D. S.

Logistical Excellence - It’s not Business as Usual. Burlington: Digital Press, 1992.

BOWERSOX, D.J.; COOPER, M.B. Strategic Marketing Channel Management. New York:

McGraw-Hill, 1992.

CHINARDET, CLAUDE. LE TRADE MARKETING, ÉDITIONS D´ORGANIZATIONS, 1994

DIAS, SÉRGIO ROBERDO. Gestão De Marketing, ED. Saraiva, Cap. 5, 2003.

Figueiredo, K.F. et al., Logística e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, São Paulo: Atlas,

2003.

REVZAN, D.A. Wholesaling In Marketing Organization, Nueva York, John Wiley & Sons. 1961

RINEHART, L.M., COOPER, M.B., WAGENHEIM, G.D. Furthering the Integration of

Marketing and Logistics Through Customer Service in the Channel. Journal of The Academy of

Marketing Science, v.17, Winter, 1989.

SMITH, D. C. Brand extensions and advertising efficiency: what can and cannot be expected.

Journal of Advertising Research, v. 32, nov, p. 11-20, 1992.

STERN, L. & EL-ANSARY, A. I. & COUGHLAN, A.. Marketing Channels. Prentice Hall, 5 th.

edition, 1996, 576 p..

YOO, B.; DONTHU, N.; LEE, S. An examination of selected marketing mix elements and brand

equity. Journal of the Academy of Marketing Science, v. 28, n. 2, p. 195-211, 2000