Logística Reversa: Redução de custos em função ao fator ecológico. - Andrews Rafael Almeida de Oliveira
Logística Reversa: Redução de custos em função ao fator ecológico
Carlos Eduardo de Mira Costa [1]
Antonio Gil da Costa Júnior [2]
1 INTRODUÇÃO
Logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado para coleta e tratamento de lixo. Sendo assim a logística vem sofrendo constantes evoluções, uma das principais é a forma como é desenvolvido o planejamento estratégico, onde a logística reversa pode ser usada como uma das vantagens competitiva na empresa.
Portanto o artigo tratará dos seguintes assuntos: a logística reversa de pós-venda; possibilidade de reciclagem dos produtos que voltaram para a empresa para se tornarem matéria-prima, gerando economia de recursos e trazendo ganhos financeiros; e o descarte correto do produto pelo consumidor final. O artigo terá como objetivo, relacionar a importância da utilização da logística reversa como um meio de redução de custo em função ao fator ecológico. O seu desenvolvimento será feito através de pesquisas bibliográficas, em livros, artigos e em fontes eletrônicas que possibilitara uma visão ampla de como é utilizado à logística reversa nas organizações.
2 LOGÍSTICA REVERSA
Para se entender como funciona a logística reversa é necessário ligá-la com a logística empresarial. A logística empresarial se tornou ao longo da história uma área estratégica no atual cenário da economia mundial. Segundo Porter (1989), o conceito da logística empresarial se divide em duas categorias, conforme segue: logística interna, que são as atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem e distribuição dos insumos no produto, como o manuseio de material, armazenagem, controle de estoque, programação de frotas, veículos para fornecedores; e logística externa, que são as atividades associadas à coleta, armazenagem e distribuição física do produto para compradores, como armazenagem de produtos acabados, manuseio de materiais, operação de veículos de entrega, processamento de pedidos e programação.
Com novas tecnologias surgindo no mercado, as empresas estão produzindo com mais facilidade, flexibilidade e velocidade, dobrando assim, os números de pedidos para atender a demanda de seus clientes, consequentemente aumentando o faturamento das empresas. Em contraposição muitos produtos estão entrando em obsolescência, ou seja, produtos que já não possuem mais vendas no mercado que se encontra cada vez mais competitivo. A consequência deste ciclo é o lixo tecnológico e os descartes incorretos de materiais que deveriam voltar para as empresas.
A logística pode ser entendida como umas das mais antigas e inerentes atividades humanas na medida em que sua principal missão é disponibilizar bens e serviços gerados por uma sociedade, nos locais, no tempo, nas quantidades e na qualidade em que são necessários aos utilizadores. Nesse cenário em que se disponibilizam todos esses bens e serviços, observa-se um impacto ambiental provocado pela movimentação destes, sendo um grande desafio para as empresas reciclarem produtos e materiais que por ela não foram aproveitados.
A logística reversa é definida por Lacerda (2002, p.2), como um planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoques em processos e acabados (e seu fluxo de informação). Assim, seguido do ponto de consumo até o ponto de origem, possui a finalidade de recapturar valor ou realizar um descarte adequado.
2.1 O objetivo da utilização da logística reversa no meio ambiente
Com o avanço tecnológico, acelerou-se a introdução de novos produtos no mercado, tornando-os cada vez mais competitivos e obrigando as empresas a se inovarem constantemente. Os consumidores percebendo este avanço nos produtos, fez com que se aumentasse o consumo destes e assim sucessivamente ocasionando um índice maior de seus descartes. Assim, pensando no maior acumulo de lixo no meio ambiente, as pessoas começaram a dar uma maior importância no que os produtos poderiam causar tanto para saúde (doenças), quanto ao meio ambiente.
Segundo Leite (2009, p.115), estas reações se manifestam pelo comportamento do consumidor ou pela legislação restritivas, com o fim de minimizar os impactos nocivos de processos ou de produtos industriais à sociedade ou ao meio ambiente, tornando a empresa vitima de seu próprio êxito. No entanto para Ansoff (1993), não se obsevou o efeito destas restrições no crescimento destas empresas, ou seja, com a chegada de leis, não houve meios em que a barrasse o crescimento, se cumprissem o que foi acordado perante as leis, mas exigem se delas constantes redefinições de seu papel em relação ao meio ambiente.
3 RECICLAGEM
Reciclar significa transformar objetos usados em novos produtos para consumo. Esta necessidade foi despertada pelos seres humanos, a partir do momento em que se verificaram, os benefícios que este procedimento trás para a terra. Num processo de reciclagem, que além de preservar o meio ambiente, também gera riqueza, contribuindo para a diminuição significativa para poluição do solo, da água e do ar. Muitas empresas estão reciclando os materiais como forma de reduzir os seus custos de produção.
3.1 Reciclagem em função da logística reversa
Na logística reversa, a reciclagem é definida por atividades, em parte, similares àquelas que ocorrem no caso de devoluções internas de itens defeituosos devido a processos de produção não confiáveis. PRM (Administração de recuperação de produtos) lida com uma serie de problemas administrativo entre os quais se encontram a logística reversa. Sendo assim os cincos principais áreas do PRM são:
a)Tecnologia: nesta área estão incluídos layout do produto, tecnologia utilizada para recuperação e adaptações nos processos primários;
b)Marketing: estuda a viabilidade do mercado para verificar se é viável ou não a utilização do processo reverso;
c)Informação: escolha do melhor sistema de informação (software) que a empresa deverá utilizar;
d)Organização: responsável por distribuir as tarefas operacionais aos membros de acordo com sua posição na cadeia de produção e estratégia na empresa;
e)Finanças: financiamento das atividades da cadeia e a avaliação dos fluxos de retorno que se obtém com a logística reversa.
Portanto o PRM é a recuperação, tanto quanto possível de valor, econômico e ecológicos, dos produtos, componentes e materiais.
4 LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDAS
Torna-se cada dia mais exigente as empresas em relação ao padrão de qualidade exigido pelo mercado consumidor. Produtos com defeitos podem gerar grandes problemas para as empresas que os fabrica e também para as que o vendem. Para Leite (2009, P.187), o produto logístico de pós-venda, de natureza durável, semidurável ou descartável, constitui-se de bens comercializados por meio dos diversos canais de distribuição mercadológicos e que são desenvolvidos sem uso ou com pouco uso, por diferentes motivos, pela própria cadeia de distribuição direta ou pelo consumidor final.
Sendo assim, o tipo de devolução de mercadorias que não atenderam as necessidades do cliente, origina um tipo de logística chamada de pós-venda. Essa logística pode ser ocasionada por erros durante o processo de expedição, excesso de estoque que são dispostos no canal de distribuição, produtos com defeitos ou que não estão no padrão de qualidade exigido pelo cliente.
Algumas devoluções que as empresas recebem em seu estoque de produtos acabados, devido aos padrões de qualidade que não atenderam as necessidades dos clientes, poderão ser colocadas para concerto ou até mesmo para reforma que permitem voltar depois para o mercado primário que é aquele onde um produto é colocado inicialmente para consumo. Caso isso não seja possível, o produto é desmontado podendo ser colocado suas peças novamente para fabricação de outros dependendo do seguimento de mercado (ex. produtos de informática), e caso não seja possível, até mesmo sendo vendido para outras empresas.
5 LOGÍSTICA REVERSA EM FUNÇÃO AO ÍNDICE DE OBSOLESCÊNCIA
Obsolescência nada mais é do que, produtos que estão fechando o seu ciclo de vida por vários motivos. Um deles é por possuírem uma tecnologia ultrapassada, enquanto já se possui outras tecnologias superiores no mercado; e outra, por simplesmente estar velho, o produto já não possui o mesmo desempenho que um novo, a consequência destes fatores são o desaparecimento gradativo ou o seu desaparecimento final.
Dentro da Logística reversa, a obsolescência se caracteriza por produtos que já não são mais uteis, que já possui vencimento na sua validade, com isso este produtos são considerados como sucatas, que podem ser vendidas ou reciclados. Uma das maneiras mais tradicionais de obtenção de bens de pós-consumo é a obsolescência do bem durável.
Em sua obra, Leite (2009, p.52) faz uma comparação da formação de sucatas entre países desenvolvidos e, países em desenvolvimentos em relação ao um determinado bem que possui a vida média de 27,5 anos. Em seu estudo ele aponta que nos desenvolvidos, a cada 100 Kg disponíveis como sucatas, 90 Kg se reciclam, sendo assim a geração de sucatas nestes países é de 52%, ou seja, haverá mais que 52 % da produção naquele ano disponível para ser reciclado. Já nos países em desenvolvimento, o índice de reciclagem do bem nas mesmas condições é de 18%. Esta diferença de níveis máximos de reciclagem de 52% e um país desenvolvido contra 18% em um em desenvolvimento justifica os movimentos de trocas internacionais de materiais secundários entre países. Com isso observa-se que ainda falta muito iniciativo por parte das Organizações e do governo para aumentar este índice de reciclagem.
6 REDUÇÃO DE CUSTOS E VANTAGENS COMPETITIVAS NA LOSÍSTICA REVERSA
O mercado hoje exige mais do que diferenciais competitivos tradicionais como: valores da marca, preço, tecnologia. Além de todos os investimentos nestes diferenciais, a empresa moderna precisa investir em ações e que a torne o produto como um todo mais atraente ao cliente, de forma que lhe permita atingir suas próprias metas. Diante deste cenário, a Logística Reversa se destaca como sendo um diferencial. Com seu uso, é possível reduzir o custo do produto e gerar competitividade entre seus concorrentes.
Para Atkinson et al (2000), o sistema de redução utilizado na logística reversa permite aos gerentes administrarem os custos da origem do produto até o seu retorno à empresa. O ciclo de vida de um produto abrange o tempo desde o inicio do Planejamento e Desenvolvimento (P&D) até o termino de suporte ao cliente. O sistema utilizado para redução de custo dos produtos retornáveis para as empresas será gerido através de sistema de custeio. Para Martins (2000, p. 22), o conhecimento de um sistema de custos é vital para se souber se, dado o preço, o produto é rentável; ou, se não rentável, se é possível reduzi-los.
Dentro da Logística Reversa não se invalida os sistemas de custeio tradicionais como: kaizen, por metas e ABC, o que ocorre é a utilização do sistema de custeio de ciclo de vida do produto, que abrange os demais. O custeio de ciclo de vida (CCV) é uma metodologia desenvolvida para tomada de decisão nas aquisições de capital e em projetos, onde utiliza uma compreensível analise econômica de alternativas competitivas. Somente após a aplicação deste método (CCV), que é possível obter informações necessárias para que se possam tomar decisões em relação ao custo do investimento para que venha ser mais baixo.
Com a utilização do CCV, é de grande importância ainda na fase de desenvolvimento fazer um planejamento de como será feito o descarte ou o reaproveitamento de peças e partes ao final da vida útil do produto que retornará para a empresa.
7 CONCLUSÃO
Ao contrario que muitas empresas possam pensar, o processo de logística reversa aparece sendo como uma grande oportunidade de se desenvolver um fluxo para o descarte de resíduos, bens e produtos descartados por motivo de não ser mais úteis, estarem obsoletos devido à tecnologia, ou já está ultrapassada seu prazo de validade. Trabalhando em cima desses procedimentos, as empresas contribuem para a redução do uso de recursos naturais e dos demais impactos ambientais, ou seja, a logística reversa torna-se uma ferramenta organizacional que contribui para a sustentabilidade de uma cadeia produtiva.
Portanto, a utilização da logística reversa nas empresas, pode aumentar a possibilidade em se ganhar um diferencial competitivo no mercado, além de trazer um valor ao produto, provendo uma maior rentabilidade, além de satisfazer as necessidades dos clientes e consumidores, que é um dos principais objetivos de uma Organização.
REFERÊNCIAS
ADMINISTRADORES. Logística reversa, redução de custos e estratégia competitiva, 2011. Disponível em: <https://www.admnistradores.com/informe-se/artigos/logistica-reversa-reducao-de-custos-e-estrategias-competitivas/51093/>. Acesso em: 12 jun.2012.
AEDB. III Simpósio de excelência em gestão e tecnologia. Logística reversa: importância, fatores para aplicação e contexto brasileiro. Disponível em: <https://www.aedb.br/seget/artigos06/616_Logistica_Reversa_SEGeT_06.pdf >. Acesso em: 11 jul.2012.
ANSOFF, H.Igor e McDonnel, Edward J.. Implantando a Administração Estratégica. São Paulo: Atlas, 1993.
EABAH. Custeio do ciclo de vida, 2012. Disponível em: <https://www.eabah.com.br/content/ABAAAAT-UAC/custeio-ciclo-vida>. Acesso em: 8 jun.2012.
LACERDA, Leonardo. Logística reversa: uma visão dos conceitos básicos e as práticas, 2012. Disponível em: <https://www.sargas.com.br/site/artigos_pdf/artigo_logistica_reversa_leonardo_lacerda.pdf>. Acessado em: 12 jun.2012.
LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa, Meio Ambiente e Competitividade. 2. Ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2009.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2000.
NETTO, R.M. Logística reversa: uma nova ferramenta de relacionamento, 2004. Disponível em: https://www.guialog.com.br/artigos-log.html. Aceso em: 09 jun.2012.
PORTER, Michael. Estratégia competitiva: técnicas para analise das indústrias e concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986.