14/04/2015 18:19
ECOEFICIÊNCIA NO TRATAMENTO DE ÁGUA E
EFLUENTES: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA
NATURA
FERNANDA PEREIRA VALNEIROS
Universidade de Mogi das Cruzes
nanda.valneiros@hormail.com
GREICE MOLINA REGO
Universidade de São Paulo
greice.mr@hotmail.com
MARTA APARECIDA SCOPIN LAPAZ
universidade mogi das cruzes ( campus leopoldina)
m_scopin@hotmail.com
FÁBIO KONISHI
IEE
profkonishi@uol.com.br
RENY APARECIDA GALVÃO
FEI-SP
reny_galvao@yahoo.com.br
ECOEFICIÊNCIA NO TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES: UM ESTUDO DE
CASO NA EMPRESA NATURA
RESUMO
A sustentabilidade vem cada vez mais crescendo na realidade das empresas, de modo de
modo que organizações de diversos setores vêm implementando ações voltadas para o meio
ambiente, contemplando essas ações como uma forma de se obter uma vantagem competitiva
em relação aos seus concorrentes. O estudo e preservação dos recursos hídricos tem sido um
dos temas mais relevantes quando se fala em sustentabilidade empresarial, com base nisso, a
pesquisa realizada foi focada na ecoeficiência por meio do tratamento de água e efluentes pela
empresa Natura. Por meio de um estudo de caso foi levantada que as ações empreendidas pela
empresa garantem vantagem competitiva para a mesma.
Palavras-chave: Sustentabilidade Empresarial. Ecoeficiência. Produção Mais Limpa.
Tratamento de Água.
ECO-EFFICIENCY IN THE TREATMENT OF WATER AND WASTEWATER: A
CASE STUDY IN THE COMPANY NATURA
Sustainability is increasingly growing in the reality of companies, so that so many sectors of
organizations are implementing actions for the environment, contemplating these actions as a
way to gain a competitive advantage over their competitors. The study and preservation of
water resources has been one of the most important issues when it comes to corporate
sustainability, based on this, the research was focused on eco-efficiency through water
treatment and effluent by the company Natura. Through a case study has been raised that the
actions undertaken by the company ensure competitive advantage for the same.
Keywords: Business Sustainability. Eco-efficiency. Cleaner Production. Water Treatment.
1 INTRODUÇÃO
O modelo de gestão sustentável vem crescendo cada vez mais e as empresas estão
cada vez mais preocupadas com o meio ambiente, porque a exigência do consumidor frente às
questões ambientais também cresceu. De acordo com Tachizawa (2008), a gestão
socioambiental deixou de ser uma função exclusiva de proteção para se tornar uma estratégia
dentro da organização. As empresas estão mais conscientes de que muitos dos recursos
utilizados por elas são limitados, fazendo-as utilizarem com mais consciência. As empresas
estão mais conscientes de que os recursos naturais estão se esgotando e que se o seu uso não
for feito de forma consciente, isso pode impactar diretamente nos seus lucros e resultados.
Além disso, a sustentabilidade também tem sido vista como uma vantagem competitiva das
organizações.
Uma das ferramentas para implantar a sustentabilidade nas empresas é por meio da
ecoeficiência que tem como objetivo introduzir um sistema onde se consegue produzir mais e
melhor, otimizando a utilização de recursos e gerando menores quantidades de resíduos. Seus
principais objetivos são a redução do consumo de materiais, água, energia com bens e
serviços, intensificação da reciclagem e reaproveitamento de materiais, o aumento de recursos
renováveis, redução da dispersão de substâncias tóxicas, além de aumentar a competitividade
às empresas e reduzir a pressão no meio ambiente (DIAS, 2010).
Uma prática muito comum para a obtenção da ecoeficiência é a adoção da Produção
Mais Limpa (P+L), que é um conjunto de técnicas produtivas, que significam a aplicação
contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e
produtos, fortalecendo economicamente a indústria por meio da prevenção da poluição. A
P+L é uma ferramenta completa para a otimização do processo produtivo e melhoria contínua
do processo, englobando: qualidade, planejamento, segurança, meio ambiente, design, saúde
ocupacional e eficiência do sistema produtivo (ELIAS et al., 2004).
Outras ações necessárias para a contribuição dos principais indicadores em relação às
empresas e a sustentabilidade são: uso racional das fontes renováveis e eficiência energética e
hídrica; controle e tratamento das emissões de gases, efluentes líquidos e resíduos sólidos;
investimentos para a manutenção de um habitat natural; aquisição de matérias-primas
ambientalmente corretas e uso racional das matérias-primas. Dentre os indicadores de
ecoeficiência, destacaremos o estudo sobre a água. Para tanto, será abordada a utilização da
água dentro da empresa, um recurso que sofre risco de escassez, dado que 97,5% da água
presente na Terra é salgada e os outros 2,5% é de água doce. A preservação dos recursos
hídricos é essencial para a sustentabilidade do planeta, uma vez que, mesmo sendo um recurso
renovável a maior parte dela não é potável, considerando o aumento gradativo do consumo
(REBOUÇAS, p.32, 2004).
Assim, esse estudo parte da premissa de que, quando as empresas fazem uso em suas
práticas ambientais de determinadas ferramentas de gestão ambiental, crescem as
possibilidades de se tornarem mais competitivas. Diante do exposto foi desenvolvido um
estudo de caso com o objetivo de verificar as práticas ambientais no reuso e tratamento de
efluentes e águas na empresa Natura.
O artigo encontra-se estruturado em cinco partes, incluindo esta introdução. A segunda
parte aborda a fundamentação teórica discorrendo a temática sustentabilidade, ecoeficiência e
recursos hídricos. A terceira parte menciona os procedimentos metodológicos. A quarta e
quinta partes apresentam respectivamente, a discussão dos resultados e as considerações
finais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 SUSTENTABILIDADE E ECOEFICIÊNCIA
Nos primórdios da sociedade os bens da natureza eram considerados inesgotáveis e o
conceito de sustentabilidade nem sequer existia, mas podemos citar as etapas que levaram a
criação desse conceito. A primeira fase que podemos citar é a “Era do Fogo”, onde se iniciou
a queima da madeira pelos nômades, o que levava a emissão de gás carbônico em pequenas
quantidades, o que não causava grande impacto ao meio ambiente. Após essa fase veio a
chamada “Era da Cultura de Subsistência”, que era a produção de insumos para própria
sobrevivência o que também gerava impactos muito pequenos sob o planeta (SOUZA, 2000).
Posteriormente, começou a chamada “Revolução Industrial”, período onde houve a transição
dos processos manuais para processos por máquinas. A partir desse momento, iniciou-se em
grandes quantidades a produção e a extração de matéria prima, o que gerou diversos impactos
ambientais, tendo em vista que a poluição cresceu e causou diversas mortes (SOUZA, 2000).
A última fase que podemos citar é a “Era Moderna”, a partir do ano de 1960, onde
biólogos e ecologistas começaram a levantar as questões ambientais, que já não eram
problemas locais, mas sim um problema disseminado mundialmente (SOUZA, 2000).
O conceito de sustentabilidade surgiu no final do século XX, quando os problemas de
devastação do meio ambiente estavam em grande crescimento, criando assim o conceito de
satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem prejudicar as gerações futuras. "A
sustentabilidade é algo que não se pode ser obtido instantaneamente, é um processo de
mudança, de transformação estrutural que necessariamente deve ter a participação de todos os
setores da sociedade" (AFONSO, 2006, p.8).
A sustentabilidade tem sido vista cada vez mais como uma estratégia dentro das
empresas, considerando-a como um meio de se alcançar vantagem competitiva, termo
amplamente divulgado por Michael Porter e trata das estratégias que as empresas podem
adotar a fim de criar e sustentar vantagens em relação aos seus concorrentes (PORTER,
1986).
Estão inseridos nesse contexto de empresa sustentável, três dimensões, a econômica, a
ambiental e a social. Segundo Araujo et al, (2006) a integração entre as questões sociais,
ambientais e econômicas, constitui o tripé conhecido como triple-bottom line. Este tripé foi
desenvolvido com o objetivo de adotar estratégias de negócios, que acatem as necessidades
das organizações e dos seus stakeholders atuais, enquanto protegem, sustentam e aumentam
os recursos humanos e naturais que serão necessários no futuro (BARBIERI, 2012). Essas
dimensões tratam de: Dimensão econômica: Alocação e gestão eficiente dos recursos
produtivos. E um fluxo regular dos investimentos privados e públicos (Eficiência,
crescimento e estabilidade); Dimensão social: Processos que promovem a igualdade na
distribuição de bens e renda, para melhorar os direitos e reduzir as diferenças entre os padrões
de vida das pessoas (Pobreza consulta/poder de decisão, cultura/herança); Dimensão
ambiental: Ações para evitar danos ao meio ambiente causados pelos processos de
desenvolvimento, aumentando assim a capacidade de carga do planeta
(biodiversidade/resiliência, recursos naturais e poluição). Esse modelo ganhou repercussão no
mundo, já que está relacionado a lucro, pessoas e planeta (ELKINGTON, 2011; BARBIERI,
2012).
De acordo com Barbieri e Cajazeira, "empresa sustentável é a que procura incorporar
os conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimento sustentável em suas políticas e
práticas de modo consistente" (2009, p. 70,). O desenvolvimento sustentável prevê
manutenção dos recursos naturais e sua disponibilização para as próximas gerações. A água
ocupa papel central nesse desenvolvimento sustentável, dando condições para renovação dos
ciclos e para a sustentabilidade da vida no planeta (TUNDISI, 2011, p. 258). Na dimensão
ambiental, foco desse estudo, um tema que vai se destacando é o uso consciente dos recursos
hídricos.
2.2 RECURSOS HÍDRICOS
Nosso planeta tem 75% da sua extensão coberto de água, porém desse recurso apenas
2,5% é próprio para o consumo, sendo que, 68,9% está nas calotas polares e geleiras, 29,9%
de águas subterrâneas doce, 0,3% nos rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios, os outros
97,5% da água presente na terra é salgada, presente nos mares e oceanos (REBOUÇAS, p.32,
2004).
Por meio desses dados, foi constatada a importância em se preservar esse recurso
essencial para a sobrevivência. Mesmo sabendo que esse é um recurso renovável,
compreende-se que se o mesmo não for preservado, as futuras gerações sofrerão com a sua
escassez, já que sua renovação pode não ser suficiente para suprir as necessidades. Uma vez
que a população cresce cada dia mais, as mudanças climáticas globais podem causar impactos
significativos no suprimento e na qualidade de água potável.
A biodiversidade dos ecossistemas aquáticos será afetada, principalmente,
pelo efeito do aquecimento térmico da água, o que deverá interferir na
tolerância nos invertebrados e vertebrados(por mudanças na temperatura e na
composição iônica das águas), e pelo aumento da concentração de substâncias
tóxicas e poluentes, decorrente da evaporação. A eutrofização das águas
continentais deve ser acelerada (TUNDISI, 2011, p.92).
De acordo com Silva (2011), esse pequeno percentual de água doce disponível no
planeta 29,7% encontra-se em aquíferos, 68,9%em calotas polares; 0,3% em rios e lagos e
0,9% em outros reservatórios (nuvens, vapor d’água etc.).
O Brasil é um país privilegiado, pois detém grande parte da água disponível no
planeta, mas mesmo assim algumas regiões do país sofrem com a sua escassez. A produção de
água doce no país representa 53% do continente sul-americano (TUNDISI, 2011, p. 43). De
todo recurso disponível no país, 22% é destinado ao consumo humano, 19% ao uso industrial
e 59% para irrigação (LANNA, 1999).
Pensando nisso, as empresas vêm cada vez mais tomando medidas para reduzir o seu
consumo em nas organizações. Entre essas medidas se encontram a reutilização da água, o
tratamento de água e esgoto, entre outros.
De acordo com Pinto (2003, p.376):
A ecoeficiência é definida como o estilo gerencial que busca produzir mais
com menos insumos e menos poluição, mantendo preços e serviços a preços
competitivos. O objetivo final é melhorar a qualidade de vida da sociedade e
progressivamente, reduzir os impactos ambientais e o uso de recursos naturais
à capacidade de sustentação do planeta.
A ecoeficiência tem ganhado um papel cada vez mais importante nas estratégias da
organização. Entre essas medidas podemos citar reutilização da água, que é um importante
método sustentável e de acordo com a Sabesp - Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo.
A água de reuso é produzida dentro das Estações de Tratamento de Esgoto
(ETE) e pode ser utilizada para inúmeras finalidades, como geração de
energia, refrigeração de equipamentos, aproveitamento nos processos
industriais e limpeza de ruas e praças. As empresas que utilizam a água de
reuso colaboram com a economia de água potável destinada ao abastecimento
público (SABESP, 2014).
Por meio disso verificou-se o quão importante é a utilização da água de reuso pelas
organizações, a cada litro de água de reuso que é utilizada para irrigação, limpeza de vidraças,
entre outros fins, está sendo economizando um litro de água potável, além do mais o custo da
sua utilização é bem inferior ao da água potável.
Já o tratamento de esgoto, de acordo com a Sabesp (2014) “consiste na remoção de
poluentes e o método a ser utilizado depende das características físicas, químicas e
biológicas”. Esse processo pode ser feito de diversas maneiras, o que vai depender da origem
do esgoto. Segundo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA
20/86, o esgoto que será tratado e o local onde ele vai ser descartado tem quer ser avaliados,
já que um efluente não é igual a outro. O efluente industrial costuma ser difícil de ser tratado
devido à grande quantidade de produtos químicos presente nele. O tratamento deve ser tão
eficaz, que o efluente que é devolvido a natureza, é tão limpo quanto o rio ou lago em que é
descartado (CONAMA, 1986).
De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB (2013):
Esse processo acontece da seguinte forma: no tratamento primário são
sedimentados (decantação) os sólidos em suspensão que vão se acumulando
no fundo do decantador formando o lodo primário que depois é retirado para
dar continuidade ao processo; No tratamento secundário, os microorganismos
irão se alimentar da matéria orgânica convertendo-a em gás carbônico e água;
Na última fase, também chamado de fase de pós-tratamento, são removidos os
poluentes específicos como os micronutrientes (nitrogênio, fósforo) e
patogênicos (bactérias, fungos).
Outro tratamento muito eficiente é o por membrana. Este possui um custo elevado em
relação aos tratamentos tradicionais, porém a sua eficácia é bem maior se comparamos aos
demais, porque essa metodologia consiste em usar membranas sintéticas e purificar água para
economizar energia. O processo de membranas surgiu a partir da década de 1970, com o
objetivo de separar determinados resíduos, como destilação, filtração, absorção,
centrifugação, entre outros. A partir daí surgiu as membranas sintéticas com barreiras
seletivas, que teria a função de imitar as membranas naturais, em destaque as suas
características únicas de seletividade e permeabilidade. De acordo com Borges (2006) uma
membrana é uma barreira que separa duas fases e que restringe total ou parcialmente o
transporte de uma ou várias espécies químicas presentes nas fases.
O primeiro registro que se obtém relativo a fenômenos que ocorreram com
membranas, foi em 1748, na França, quando um copo com água pura foi emerso com
destilado de vinho, onde foi vedado com uma membrana de origem animal e após algum
tempo, foi observado que a bexiga havia se estufado. Essa experiência evidenciou as
características de permeabilidade e seletividade de uma membrana. Após o ocorrido
começou-se então o estudo aprofundado sobre membranas. De acordo com Borges (2006), as
membranas podem ser divididas em duas categorias: densas e porosas. As membranas densas
são quando o transporte dos componentes envolve uma etapa de dissolução e difusão através
do material que constitui a membrana. As membranas porosas são quando o transporte dos
permeantes ocorre preferencialmente em uma fase fluida contínua, que preenche os poros da
membrana.
O processo de separação por membranas tem sido muito utilizado em diversos setores,
sejam eles químicos, área médica, passando pela biotecnologia indústrias alimentícia e
farmacêuticas e tratamentos de águas industriais e municipais. Nos tratamentos, por exemplo,
de água, o processo ocorre na dessalinização de águas, eliminação de traços de orgânicos,
tratamento de esgotos, desmineralização de águas para caldeiras e água ultrapura para
indústrias eletrônicas. Por meio do processo de separação por membrana pode se verificar
algumas vantagens, estas estão ligadas ao menor consumo de energia, seletividade,
desmembramento de compostos termolábeis, simplicidade na operação e escalação do
processo. A solução que prepara as membranas é feita por polímeros de materiais plásticos.
Essa membrana é mil vezes menor do que um milímetro, ou seja, a água passa, mas as
impurezas ficam retidas. Para purificar a água por meio desse método, é necessário realizar o
seguinte processo: pega-se um feixe capilar de membranas e se coloca em um tubo, então a
água contaminada passará por fora e o filtrado pelo centro, por dentro das fibras, a água sairá
purificada (BORGES, 2006).
A escolha do tratamento adequado é fundamental para vantagem competitiva das
organizações e as empresas precisam obter por um tratamento que mais se adequar as suas
necessidades e estratégias, sem se esquecer do capital que a empresa está disposta a investir
para implementação dos mesmos. Entre outras medidas que são utilizadas nas empresas para
redução do uso de água potável podemos destacar as descargas que possuem controle de
quanta água é despejada, dependendo se o resíduo é líquido ou sólido, as torneiras
inteligentes, irrigadores programados de acordo com o que está sendo irrigado, entre outros.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia no estudo realizado a respeito da empresa Natura foi o estudo de caso,
pois por meio do mesmo é possível se obter uma visão macro da situação que está sendo
abordada. O estudo de caso surgiu com o desejo de se compreender fenômenos sociais
complexos, ou seja, realizar uma investigação.
Conforme Yin (2001, p. 19):
Os estudos de casos representam a estratégia preferida quando se colocam
questões do tipo 'como' e 'por que', quando o pesquisador tem pouco controle
sobre os acontecimentos e quando o foco se encontra em fenômenos
contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.
A pesquisa foi exploratória e descritiva, desenvolvida por meio de revisão
bibliográfica do tema abordado como forma de instrumento analítico para a realização da
pesquisa em campo. Os dados primários foram coletados por meio de visitas técnicas na
empresa Natura, sediada na cidade de Cajamar, no estado de São Paulo.
4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1 RESULTADOS DAS PRÁTICAS ECOEFICIENTES NA NATURA
A empresa estudada é a Indústria e Comércio Natura, mais conhecida como Natura, o
qual trabalha no segmento de cosméticos desde 1969, cujo lucro líquido consolidado foi de
R$ 117,2 milhões no primeiro trimestre de 2014, este resultado representa uma queda de 6%
se comparado o mesmo período do ano de 2013.
A organização está localizada em diversos lugares, sendo que a sede encontra-se em
Cajamar, Região Metropolitana de São Paulo, onde se obtém diversas atuações como área de
engenharia mecânica, parte operacional, pesquisa de produto, planejamento de controle
logístico, recursos humanos e centro de treinamento, no Km 13 da Rodovia Anhanguera,
encontra-se o centro de distribuição que foi inaugurado em novembro de 2013, este cuida de
toda parte logística da empresa, no escritório de Alphaville está toda parte jurídica, o T.I e a
parte administrativa, já na Barra Funda se tem todo o controle dos cadastros e também a área
de recursos humanos, e por último em Benevides-PA, está a fábrica de saboaria, um dos
maiores investimentos da empresa atualmente, além desses locais a empresa Natura tem uma
parceria com a UNICAMP localizada em Campinas, onde se tem um centro de pesquisa na
própria universidade, esse oferece todo o apoio a pesquisa de mercado em Cajamar.
A Natura está entre as 10 marcas mais valiosas do país, reconhecida em termos de
sustentabilidade empresarial, sendo a 2º empresa mais sustentável do planeta, a 5º maior
empresa de venda direta do mundo, líder no mercado de cosméticos no Brasil, uma das 10
empresas mais inovadoras do mundo. Seu crescimento médio é de 15% nos últimos 5 anos,
nas operações internacionais já representam mais de 15% dos negócios, tem uma geração de
renda de R$ 3,2 bilhões para as CNs, geração de renda de R$ 12 milhões para as comunidades
fornecedoras. A empresa tem investido R$ 12,8 milhões em educação com a renda de Natura
Crer Para Ver no Brasil e R$ 4,5 milhões nas operações internacionais. A empresa obteve
uma redução de 30,4% de emissão de CO2 (NATURA, 2014).
Os investimentos da empresa foram de R$ 73,2 milhões em ações sustentáveis, R$ 154
milhões em inovação e R$ 437 milhões em infraestrutura e logística. A empresa conta com 7
mil colaboradores, 1,5 milhão de consultoras, 4,7 mil de fornecedores e 100 milhões de
consumidores.
4.1.1 O TRATAMENTO DA ÁGUA
A Natura realiza diversas ações voltadas para a sustentabilidade, e de acordo com o
site institucional da empresa, essas ações se iniciaram de forma mais ativa, no ano de 1983,
quando a Natura foi a primeira empresa brasileira a oferecer os seus produtos no chamado
“refil”, cuja utilização de matéria prima para sua composição é em média 50% menor que a de
uma embalagem original (NATURA, 2014).
Assim como citado por Souza (2000), a consciência sobre a sustentabilidade foi
evoluindo aos poucos e na empresa Natura não foi diferente, a empresa pouco a pouco foi
inserindo ações sustentáveis na sua cultura e nas suas ações. O autor ainda ressalta que a
sustentabilidade é algo que não se pode ser conseguido instantaneamente, é um processo de
transformação estrutural (AFONSO, 2006; SOUZA, 2000).
Além disso, a organização utiliza com consciência os insumos da biodiversidade
brasileira, realizando parcerias com comunidades e realizando a retirada dos mesmos apenas
quando esses insumos se encontram na sua safra, de forma que não prejudique o meio
ambiente. A sustentabilidade tem sido cada vez mais vista como uma estratégia dentro das
organizações, considerando-a um meio de se conseguir vantagem competitiva e de acordo
com Porter, a vantagem competitiva, são as estratégias que as empresas adotam a fim de criar
e sustentar vantagens em relação aos seus concorrentes. A empresa Natura, utiliza-se desse
ponto para o seu marketing e propaganda, aderindo aos atos de sustentabilidade e associando
diretamente essas ações a identidade da empresa, criando vantagens em relação aos seus
concorrentes (PORTER, 1986).
A principal sede da Natura encontra-se em Cajamar, área declarada de proteção
ambiental pela Lei Estadual Nº 4.055, de 04/06/84. O projeto da empresa foi realizado pelo
arquiteto Roberto Loeb, que realizou o planejamento de forma que integrasse a empresa ao
meio ambiente. Barbieri (2009) define como empresa sustentável aquela que busca incorporar
os conceitos e objetivos relacionados com o desenvolvimentos sustentável em suas políticas e
práticas de modo consistente, a Natura realiza todas suas ações focadas no meio ambiente,
respeitando sempre a biodiversidade brasileira e o meio ambiente como um todo. Dentre as
dimensões da sustentabilidade existentes, a que a empresa tem o maior enfoque é na dimensão
ambiental, que é a que busca realizar ações para evitar e diminuir danos ao planeta (ARAÚJO
et. al 2006; ELKINGTON, 2011; BARBIERI, 2012).
Entre as principais ações realizadas no espaço Natura Cajamar, o que mais se
evidencia é o tratamento de efluentes e a utilização de água de reuso em suas instalações, já
que a empresa tem consciência que se trata de um recurso em escassez, e segundo Rebouças
de todo recurso disponível no planeta apenas 2,5% é próprio para o consumo, sendo que,
68,9% está nas calotas polares e geleiras, 29,9% de águas subterrâneas doce, 0,3% nos rios e
lagos e 0,9% em outros reservatórios, os outros 97,5% da água presente na terra é salgada,
presente nos mares e oceanos (REBOUÇAS, p. 32, 2004).
Figura 1: Estação de tratamento de efluentes na Natura
Fonte: Autores (2014)
De acordo com Tundisi (2011), a água ocupa papel central no desenvolvimento
sustentável, visando à responsabilidade ambiental e o uso responsável dos recursos hídricos, a
empresa possui em sua matriz em Cajamar, três poços artesanais. Toda água utilizada por essa
sede da empresa, provém de um desses poços.
A retirada de água do solo atende aos regulamentos da outorga obtida pela empresa
do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE), que
permite uma captação de 20 m³/hora em 20 horas de operação. Para cumprir
rigorosamente a legislação e garantir a recuperação natural do lençol freático,
evitando danos ao meio ambiente, a bomba de captação desse poço está regulada
para retirar exatamente 20 m³/hora e para operar apenas por 20 horas (NATURA,
2014).
Para o lençol freático recuperar a sua capacidade de vazão, é necessário no mínimo 4
horas. Dessa forma o lençol não tem sua capacidade comprometida, de forma que não
prejudica o meio ambiente. Conforme estabelecido na Lei nº 6.134, de 02/06/88,
[...] Art. 4º - As águas subterêneas deverão ter programa permanente de preservação
e conservação, visando ao seu melhor aproveitamento. [...] § 1º - A preservação e
conservação dessas águas implicam em uso racional, aplicação de medidas contra a
sua poluição e manutenção do seu equilíbrio físico, químico e biológico em relação
aos demais recursos naturais. [...] Art. 6º - A implantação de distritos industriais e de
grande projetos de irrigação, colonização e outros, que dependam da utilização de
águas subterrâneas deverá ser precedida de estudos hidrogeológicos para avaliação
das reservas e do potencial dos recursos hídricos e para o correto dimensionamento
do abastecimento, sujeito à aprovação pelos órgãos competentes, na forma a ser
estabelecida em regulamento.
Após toda sua captação, a água é direcionada para Estação de Tratamento de Água da
Natura, ela passa por um processo para se tornar potável, conforme a figura 1.
Figura 2: Fluxograma de tratamento de água
Fonte: NATURA (2014)
O processo para a água tornar-se potável utiliza-se um dosador automático que
adiciona a quantidade de cloro necessária para tratar a vazão de água, que será enviada ao
filtro. A adição de cloro é necessária para a desinfecção e a eliminação de microorganismos,
mau cheiro, gosto desagradável, e qualquer coloração anormal que eventualmente possam
estar presentes na água retirada do poço. Nesse estágio a água se torna potável e própria pra o
consumo, onde é enviada para toda empresa.
De acordo com publicação da empresa,
Após esse processo de coagulação, neutralização e agitação, a decantação faz com que
os flocos originados na etapa anterior se depositem no fundo do tanque de água,
formando uma espécie de lodo; a água passa por um filtro de areia que retém as
impurezas sólidas. O pH da água é controlado – e, se necessário, corrigido, ela é
bombeada para as caixas d'água da torre elevatória, localizada na entrada do Espaço
Natura, a torre da caixa d’água é composta por 5 células de 200 m³ cada (NATURA,
2014).
A água é armazenada em uma espécie de caixa d’água, onde existe uma divisão da
água potável e da água não tratada. A água potável situa-se em três dessas caixas as quais
fornecem água para as fábricas os restaurantes e as torneiras do Espaço Natura. Já em uma
caixa d’água separada fica a água de reuso, utilizada para limpeza de vidraças, descargas e
irrigação de plantas (NATURA, 2014).
4.1.2 O USO DA ÁGUA E EFLUENTES NA EMPRESA NATURA
Após o uso da água a mesma passa por um tratamento, as águas e efluentes originário
da limpeza dos equipamentos de produção e dos pisos da fabrica são enviados para ETE
(Estação de Tratamento de Esgoto) por meio de tubulação própria. Estes efluentes chegam
com alta concentração de elementos inorgânicos utilizados na fabricação dos produtos Natura.
Para realização do processo de tratamento de efluentes, são necessárias algumas
etapas, apresentadas na figura 2.
Figura 3: Fluxograma básico de estação de tratamento de efluentes
Fonte: NATURA (2014)
A primeira etapa do processo consiste na adequação das peneiras: todo efluente
industrial originado da fábrica é recebido por uma calha, todo resíduo de limpeza dos reatores
das fabricas, resíduos de óleo, polímeros, álcool e uma infinidade de matérias primas são
recebidos por uma tubulação especifica. A partir disso, é contabilizado, através de medidores,
a quantidade de efluentes recebidos e o acompanhamento diário de quanto que foi a diferença
de um dia para o outro.
Após o processo de filtragem, os materiais sólidos são separados dos líquidos, onde os
mesmos são enviados a um tanque intermediário, o qual tem a função de misturar todo
efluente, porque o mesmo possui resíduos de óleo, polímeros, álcool e uma infinidade de
matérias primas. A função principal nessa etapa é misturar pra facilitar o tratamento químico.
Figura 4: Filtro Prensa Biológico
Fonte: Autores (2014)
Na fase seguinte, os efluentes são bombeados para o tanque de equalização, onde se
inicia o pré-tratamento, e destes seguem para o tanque de reação, onde se recebem a adição de
produtos químicos. Durante todo o processo de reação, a água fica em constante agitação para
melhor dissolver os reagentes. Neste processo, formam-se flocos que decantam até a obtenção
do lodo industrial.
Já na etapa subsequente, a água da superfície do tanque é mandada para um tanque
intermediário e a seguir, bombeada para o tanque biorreator, no qual sua caixa tóxica é
removida. O material depositado no fundo é bombeado para o tanque de lodo industrial, no
qual se colhe uma amostra para analise de pH e consistência. O lodo industrial é agitado,
tratado, decantados e enviado para o filtro prensa.
Na última fase, o material prensado é conhecido como torta de lodo industrial é
acondicionado em caçamba para ser enviado ao aterro industrial, localizado em Piracicaba. O
tratamento acontece somente para a água utilizada na fábrica, já que esse efluente é
diferenciado, por conter produtos químicos. E como já citado, a Conama ressalta que os
efluentes devem ser tratados de forma diferencial, a empresa Natura compreendendo isso,
realiza um tratamento diferenciado para cada efluente. Essa chamada “torta de lodo
industrial” recebe todo tratamento necessário no aterro industrial, diminuindo os impactos
ambientais causados pelo mesmo (CONAMA, 1986).
As águas e efluentes originados da cozinha e dos equipamentos sanitários recebem
outro tratamento dentro da empresa e esse ocorre da seguinte forma: as águas e efluentes são
destinados a ETE por meio de um sistema independente de tubulação por gravidade, após isso
já na ETE, os efluentes orgânicos, passam por processos de retenção de partículas sólidas, o
fluxo segue para o tanque sanitário, de onde a água é bombeada, para o biorreator e misturada
com a água pré-tratada dos efluentes industriais. Nesse momento acontece o processo de
biodigestão aeróbica dos elementos orgânicos, por meio de constante agitação, para manter o
nível de oxigênio da água e atividade das bactérias aeróbicas. Nesta etapa, é feito uma
avaliação para determinar os níveis de nitrogênio, fósforo e outras substâncias. Estando em
condições adequadas a água do biorreator é mandada para o sistema de ultrafiltração de
membrana.
Figura 5: Filtro de membranas
Fonte: Autores (2014)
No filtro a água pura é separada dos elementos orgânicos dissolvidos a partir disso a
massa do biorreator é constantemente monitorada e, quando sua concentração é muito alta, o
produto do processo de retrolavagem é desviado para o tanque de lodo biológico, onde é
colhida uma amostra do lodo para determinar a quantidade reagentes químicos que deve ser
adicionada.
Após sua estabilização, o lodo biológico é mandado para o filtro de prensa, a água
excedente do processo de prensagem retorna ao biorreator. A torta do lodo biológica é
acondicionada em caçamba para ser enviada a uma empresa de reciclagem, que a transforma
em adubo orgânico. Na última etapa após os processos de tratamento na ETE, a água recebe o
cloro e é bombeada para células especificas da caixa d’ água, onde fica disponível para uso
nos vasos sanitários, no combate a incêndios, na limpeza de pisos de rodagem e para regar os
jardins do espaço Natura.
Grande parte do tratamento executado na empresa é realizado pelo tratamento por
membranas, a CETESB (2013) cita o tratamento por decantação, tratamento ainda muito
utilizado por diversas organizações por seu baixo custo, mas de acordo com Borges (2006), o
tratamento por membranas é considerado um dos tratamentos mais eficazes, pois o mesmo é o
que possui um menor impacto no meio ambiente e também é o que traz mais eficiência,
apesar de seu alto custo.
Após todo esse tratamento, parte da água é devolvida a natureza, a mesma também é
utilizada no lago existente na empresa, onde há vários meio de vida, o excedente de água é
despejado no Rio Juquery. Segundo publicação da empresa, todo processo da água no espaço
Natura acontece da seguinte forma: Captação da água subterrânea; Tratamento de água na
Estação de Tratamento de Água; Distribuição de água no espaço Natura; Utilização da água;
Tratamento de resíduos na Estação de Tratamento de Esgoto; Tratamento do Efluente
industrial; Tratamento dos efluentes orgânicos; Reaproveitamento da água; e Retorno a
natureza com o despejo no Rio Juquery. De acordo com Pinto (2003), a ecoeficiência é
definida como um estilo gerencial que busca produzir mais com menos insumos, a Natura
busca inserir o conceito de ecoeficiência em suas atividades, sempre respeitando o meio
ambiente (NATURA, 2014).
Figura 6: Ciclo de água no espaço Natura
Fonte: NATURA (2014)
A empresa investiu cerca de 3 milhões de dólares na implantação dessas estações de
tratamento, sendo a primeira empresa da América Latina a ter esse tipo de tecnologia em suas
instalações. Essas estações possuem a capacidade de tratar a quantidade de água e esgoto
equivalente a de uma cidade de 21 mil habitantes. Além disso, se Natura fosse terceirizar esse
tratamento, o custo seria cinco vezes maior, além de ser mais arriscado e ter um impacto
ambiental maior (NATURA, 2014).
5 CONCLUSÃO
As ações da Natura beneficiam não somente a comunidade de Cajamar, mas a
sociedade como um todo, já que se sabe que a água é um recurso que corre o risco de
escassez, e essas pequenas atitudes da mesma já fazem toda diferença para a sociedade. A
empresa ainda faz parte do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, que é um fórum que
discute a questão do gerenciamento de água. Essas ações concedem à empresa uma vantagem
competitiva maior em relação aos seus concorrentes, que não realizam ações sustentáveis ou
as realizam em menor volume. Além disso, a empresa reduz custos, já que todo tratamento,
captação e manutenção, dependem somente dela. Por outro lado, a empresa pode melhorar
essas ações, uma vez que a mesma não reutiliza toda água, mas somente uma parte da água
utilizada em suas instalações.
Com as diversas tecnologias implantadas na empresa e buscando sempre cuidar ao
máximo do meio ambiente, a Natura pode vir a pensar ainda mais em meios de minimizar os
custos e os impactos de suas ações. A empresa realiza todo tratamento de água e esgoto em
suas dependências e todo resíduo gerado é enviado para empresas diferentes, por meio de
caminhões, o que pode ocasionar algum acidente, gerando riscos ambientais, tendo em vista
que essas empresas ficam 130 km da sede da empresa. A torta do lodo industrial é direcionada
para um aterro industrial e a orgânica para uma empresa de compostagem.
Todo esse resíduo é levado por meio de caminhões, entretanto, o estado geral das
rodovias brasileiras é precário, o que pode ocasionar algum acidente. Além disso, o modal
rodoviário é considerado como um dos mais poluidores, sendo um dos grandes responsáveis
pelas emissões dos gases do efeito estufa (GEE). Não são somente os GEE que podem
ocasionar problemas ao longo desse trajeto, pois caso ocorra algum incidente e esses resíduos
venham a cair em alguma estrada, entrando em contato com a natureza, podem advir sérios
danos ambientais e a imagem da empresa pode ser prejudicada.
A Natura possui um custo considerável com a realização dos tratamentos da ETE e da
ETA, algo em torno de R$ 300 mil mensais. Mas esse custo poderia ser menor, caso a
empresa altere esse meio de envio das tortas para essas companhias e realizasse ela própria
esses procedimentos. Na própria empresa já existe um espaço apropriado para realização da
compostagem, mas seria necessário que a empresa adequasse seus processos para realizar o
processo nesse espaço.
Por meio da pesquisa realizada foi possível concluir que o que leva a empresa a
realizar essas ações, é a preservação da imagem da mesma, porém ao utilizar os conceitos de
ecoeficiência e de poluição mais limpa, reduzem custos significativos no seu orçamento
financeiro e o planejamento da empresa já incorporou estas práticas, também por este motivo.
Afinal, a meta das empresas é o lucro e as práticas de ecoeficiência contribuem para que as
mesmas consigam atingir objetivos.
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